quarta-feira, 18 de março de 2009

Renascimento



A palavra Renascimento surgiu já durante o século XV, mas de início seu sentido era religioso, significando a revitalização da alma por meio dos sacramentos. Sé no século XVI o termo foi empregado com seu sentido mais corrente, para se referir às mudanças de consciência e nas formas de expressão artística do período. No entanto, desde o século XV que os indivíduos envolvidos no fenômeno já tomavam consciência dessas mudanças culturais. Renascimento, dessa forma, significa momento histórico que se inicia e tem seu apogeu nas cidades italianas do século XV, de renovação das expressões artísticas ligada às mudanças de mentalidade do período, com ascensão da burguesia. Ele está em conexão com o Humanismo, ou seja, com a retomada dos estudos sobre a Antiguidade clássica, apesar de hoje a maioria dos autores não considerar mais o Humanismo a filosofia acadêmica do Renascimento.


O contexto histórico do Renascimento está associado à crise do Feudalismo e ao surgimento do Capitalismo na Europa ocidental no século XIV. Essa crise histórica se manifestou tanto nos campos econômicos, políticos e sociais quanto nos intelectual e cultural. O Renascimento, o Humanismo e a Reforma foram expressões dessa crise, da necessidade que os grupos sociais então em ascensão tinham para explicar seu papel no Universo sem recorrer às explicações católicas e feudais, representantes de uma ordem que contestavam.


O Renascimento, assim, foi a expressão das novas concepções de mundo que começavam a aparecer entre os ascendentes burgueses urbanos, razão pela qual a Itália, rica, comercialmente e urbanizada, foi o ponto de partida e o ápice desse movimento. Para a mudança mental e artística era necessário dinheiro, pois os grandes artistas da Renascença trabalhavam principalmente sob encomenda. Na Itália, o secularismo da classe média começava a contestar as extravagâncias de um clero muito mundano, e influenciou as transformações mentais, aliada à capitalização de banqueiros. Comerciantes, burgueses e da própria Igreja, enriquecidos com o próspero comércio com o Oriente.


De acordo com Durant, o norte da Itália foi o berço do movimento devido a uma série de características próprias. Primeiro, lá a influência do Império Romano nunca foi destruída por completo, o latim ainda estava vivo, e a própria arquitetura conservava características clássicas. Além do mais, essa região era a mais urbana e industrializada de intercambio comercial com outros povos tivera significativa construção de dogmas muito rígidos. Dessa região, Florença se destacou como a principal cidade do Renascimento, por ser a cidade mais rica da Itália no século XIV e pela constante luta de facção em seu interior. Essa luta, na Itália como um todo, se traduzia muitas vezes em uma disputa diplomática em que o financiamento de obras de arte garantia privilégio aos envolvidos.

Fonte:
Silva, Kalina Vanderlei. DICIONÁRIO DE CONCEITOS HISTÓRICOS; 2ed. São Paulo: Contexto, 2006.

Nenhum comentário: